FIM DE SEMANA EM SALVADOR

Salvador não é apenas uma cidade, é um caldeirão de manifestações culturais e religiosas. Para o visitante é impossível passar incólume por uma cidade tão rica em sons, cores e sabores. Eu há muito tempo queria conhecer Salvador (quem nunca, né? rsrsrs), então o que fazer quando a pessoa encontra aquela promoção de passagem aérea, com um precinho super amigo? Fica esperando as férias que ainda estão tão longe? Claro que não! Aproveita o fim de semana e vai!

Então aqui vou mostrar o que fizemos nesse fim de semana super agradável em terras soteropolitanas!

 

CHEGANDO EM SALVADOR

O aeroporto fica a uns 30 km da Barra, bairro onde ficamos hospedados. Como havíamos levado apenas malas pequenas, decidimos utilizar o transporte público. Aliás, foi o único meio de transporte que utilizamos nessa viagem e achamos bem fácil e tranquilo. Perguntamos aos funcionários do terminal, que fica ali bem próximo ao aeroporto, qual ônibus poderíamos tomar para chegar até a Barra. Demoramos mais ou menos 1 hora e meia para chegar na hospedagem, o ônibus nos deixou numa parada bem próxima. A maioria do trajeto foi beirando a orla. Como entramos no ponto final, viemos sentados, apreciando as paisagens do litoral baiano.

Ficar hospedado na Barra foi uma excelente escolha, pois esse é um dos bairros mais conhecidos de Salvador, com o famoso farol da Barra como cartão postal. E também com boa oferta de transporte público. Além disso, foi muito agradável passear pela orla depois de recorrer a cidade durante o dia.

 

POR-DO-SOL NO SOLAR DO UNHÃO

Ouvi dizer que é um dos melhores lugares da cidade para apreciar o pôr-do-sol, então corremos pra lá pra conferir! E sim, não decepcionou! Com uma vista belíssima para a Baía de Todos os Santos, o Solar do Unhão é um conjunto de construções datadas do século XVI, reformado em 1962, que inclui uma mansão, que é a sede do Museu de Arte Moderna da Bahia (onde se encontra obras de importantes pintores brasileiros como Tarcila do Amaral, Cândido Portinari e Di Cavalcanti, entre outros), e a Capela de Nossa Senhora da Conceição. Tem um restaurante no píer e o jardim foi transformado em Parque das Esculturas, onde é exibida peças de outros grandes artistas.

 

Solar do Unhão

 

Se for apreciar esse pôr do sol em um sábado, aproveite e fique para o JAM no MAM, um projeto que traz apresentações de Jazz misturado com música instrumental brasileira, percussão e ritmos como baião, frevo e samba. O evento acontece nos finais de tarde dos sábados, no pátio de frente para o mar!

 

 

 

IGREJA DO NOSSO SENHOR DO BONFIM

Começamos o domingo indo assistir uma missa na igreja mais conhecida e visitada de Salvador. A Igreja do padroeiro da cidade, Nosso Senhor do Bonfim. Para chegar até lá, pegamos um ônibus até próximo ao Mercado Modelo e de lá pegamos outro até o Largo da Baixa do Bonfim. Há várias linhas de ônibus que vão para lá, é só ficar atento. Descemos no Largo e subimos a Ladeira do Bonfim, a igreja fica lá em cima. Aqui começa o assédio dos ambulantes tentando a todo custo amarrar uma fitinha do Senhor do Bonfim no seu pulso. Uma forma nada agradável de te “convencer” a comprar a fitinha já amarrada ou qualquer outro artigo que estiverem vendendo. Esse tipo de assédio desagradável você vai encontrar em vários outros pontos turísticos de Salvador, o jeito é ter muita paciência.

 

 

Quem nunca ouviu falar da festa do Senhor do Bonfim e da cerimônia de lavagem das suas escadarias? Símbolo do enorme sincretismo religioso tão presente na Bahia, onde o Candomblé e o Catolicismo quase se misturam, essa festa é a segunda maior manifestação popular da Bahia (ficando atrás apenas do Carnaval). A tradição começou lá no século XVIII, quando os escravos eram obrigados a lavar a Igreja para a festa do dia do santo. As festividades na Basílica do Senhor do Bonfim, começam com a novena que segue até o sábado, véspera do dia da Festa, o segundo domingo depois da Festa de Reis. A exceção fica por conta da quinta-feira, quando a Basílica fecha em virtude da lavagem do adro e da escadaria.

 

 

Igreja Basílica Nosso Senhor do Bonfim

   

 

Depois da missa, e apesar da chuva que começou a cair, voltamos para o mesmo largo onde descemos e pegamos um ônibus para ir até a Sorveteria da Ribeira, que não fica muito longe dali, em 10 minutos chegamos.  É uma sorveteria muito tradicional de Salvador, que vende deliciosos sorvetes artesanais. Além dos sabores tradicionais, há sorvetes das mais variadas e exóticas frutas, como mangaba, biribiri e sapoti, entre outras.

 

 

ELEVADOR LACERDA

Na volta da Igreja do Bonfim, descemos do ônibus novamente no Mercado Modelo. Em frente a ele está o icônico Elevador Lacerda, o primeiro elevador urbano do mundo. Foi inaugurado em 1863, com  63 metros e apenas uma torre, era também o mais alto na época da sua inauguração. Se você vai do Mercado Modelo ao Pelourinho, ou vice-versa, certamente irá andar nele. Eu achei que fosse um elevador panorâmico, mas não é! Ele foi idealizado como meio de transporte público, ligando a Praça Tomé de Sousa, na Cidade Alta, à Praça Cayru na Cidade Baixa. Hoje em dia possui duas torres, quatro cabines e 73,5 metros de altura. Tem capacidade total para 128 pessoas, nas quatro cabines, e a viagem dura 22 segundos. O preço da “passagem” é baratinho, custa R$ 0,15. Subimos no elevador, pois o plano para a tarde era conhecer outra famosa atração de Salvador…

 

 

 

PELOURINHO

Finalmente pude conhecer o famoso Pelourinho! Um lugar que, além de contar muito da história da cidade, tem uma vibe muito bacana! Ao sair do Elevador Lacerda, fomos caminhando em direção ao Pelourinho, que fica no Centro Histórico de Salvador. Como o tempo era curto, pela manhã havíamos ido na Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, nos limitamos a caminhar pelas belas e coloridas ruas, misturando-nos ao burburinho de turistas subindo e descendo as suas ladeiras. Se tivesse tido mais tempo, teria sido interessante contratar um guia, para assim saber em detalhes sobre as principais construções, igrejas e praças, além de informações sobre a história do lugar e dos muitos acontecimentos que ali sucederam.

Começamos nossa caminhada pela Praça XV de Novembro, mais conhecida Terreiro de Jesus. Uma profusão de ambulantes, barraquinhas, mesas e cadeiras espalhadas pela praça, rodas de capoeira e mais gente tentando a todo custo amarrar uma fitinha do Senhor do Bonfim no seu pulso, uma forma nada agradável de te “convencer” a comprar a fitinha já amarrada ou qualquer outro artigo que estiverem vendendo. Esse tipo de assédio desagradável você vai encontrar em vários outros pontos turísticos de Salvador.

Mas é aqui, no Terreiro de Jesus, que encontramos alguns dos expoentes máximos da arte colonial brasileira: a Catedral Basílica de Salvador, a Igreja da Ordem Terceira de São Domingos e a Igreja de São Pedro dos Clérigos.

 

 

Mas o que é pelourinho? Era um poste de pedra ou de madeira, com argolas de ferro, que era erguido em praça pública e utilizados como instrumento de castigo contra os escravos. Posteriormente ele deu nome a essa região da cidade. No século XVI foi primeiro instalado na Praça Municipal (atual Praça Thomé de Sousa). Depois transferido para o Terreiro de Jesus, mas então os padres começaram a se queixar, dizendo que os gritos atrapalhavam as missas, então foi finalmente transferido para onde é o atual Largo do Pelourinho.

Um pouco mais adiante, chegamos ao Largo do Cruzeiro de São Francisco e aí outra igreja fabulosa, a Igreja de São Francisco. Lamentei muito não ter tido tempo de conhecer o seu interior, pois pelas fotos que já havia visto antes, a nave principal da igreja é impressionante, completamente revestida de ouro!

 

A bela Igreja de São Francisco por fora. Por dentro, é revestida de ouro.

Agora sim começamos a descer as ladeiras do Pelô, rumo à Praça José de Alencar, mais conhecida como Largo do Pelourinho.

 

Largo do Pelourinho

 

Como destaques temos a Fundação Casa de Jorge Amado e a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. A primeira conta a história deste escritor baiano, um dos mais famosos do Brasil, autor de grandes obras como “Tieta do Agreste”, “Dona Flor e seus dois Maridos” e “Gabriela Cravo e Canela”. A segunda tem uma história muito interessante. Os negros eram proibidos de manifestar sua religiosidade, principalmente as religiões de matriz africanas, e obrigados a se converterem ao catolicismo, porém também eram proibidos de frequentar as missas com seus senhores. Então eles se reuniram para erguer uma igreja onde pudessem professar a sua fé. A igreja levou quase um século para ser construída, pois os escravos só podiam trabalhar na obra quando possuíam algum momento de folga. Não deixe de assistir uma das missas, que acontece aos domingos às 9h e às terças às 18h, outro legítimo exemplo de sincretismo religioso, celebrada ao som de instrumentos africanos e fiéis dançando passos do Candomblé.

 

Fundação Casa de Jorge Amado

 

 

 

Uma atração imperdível no Largo do Pelourinho, que não presenciei pois quando fui porque não era época, é a apresentação do ensaio do Olodum, o grupo musical que representa a essência da cultura baiana e que mistura batidas afro, samba e reggae. Acontece durante o verão, às terças e aos domingos.

 

Casa do Olodum

 

 

 

 

 

E por falar em Olodum, quase em frente à igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, a imagem de Michael Jackson permanece na sacada onde o cantor gravou o famoso clip da música “They Don’t Care About Us” com o grupo. Pagando uns poucos reais, você ouve a música e tira uma foto com o astro de papel.

 

 

 

 

 

 

PROVANDO O ACARAJÉ

À noite resolvemos comer a legítima comida baiana. Fomos até o bairro Rio Vermelho experimentar o famoso acarajé da Dinha. A barraca da baiana fica no Largo de Santana, um lugar cheio de barzinhos e barracas de comidas. Havia fila e as mesas estavam todas ocupadas, tivemos que esperar um pouco até conseguir uma mesa vaga. Foi a única vez que comemos acarajé, e confesso que não achei tão gostoso como todos dizem que é. Precisaria comer novamente, em outro lugar, para ter uma opinião mais certa.

 

          

 

ILHA DE ITAPARICA

Segunda-feira foi dia de conhecer a maior ilha da Baía de Todos os Santos, a 13 km da costa de Salvador. Tomamos uma barca no terminal marítimo, em frente ao Mercado Modelo. A passagem custou por volta de R$ 5 e o trajeto levou cerca de 45 minutos. No desembarque em Itaparica, encontramos várias pessoas abordando os passageiros oferecendo transporte para as praias. Nós fomos para a praia Ponta de Areia. O tempo não ajudou muito, o dia estava bastante nublado, mas conseguimos aproveitar um pouquinho da praia. Na volta, por causa do mau tempo, optamos por tomar um catamarã aí mesmo na praia e que chegou bem mais rápido ao terminal marítimo.

 

 

 

ORLA DA BARRA

Aproveitamos nossa última noite para dar uma volta pela orla, próximo ao farol. Mesmo sendo uma segunda-feira, o calçadão estava bastante movimentado, com gente correndo e praticando exercícios e a praia ainda com muitos banhistas.

 

 

Foi um final de semana muito agradável, que me deixou com vontade de voltar e conhecer mais do muito que essa terra cheia de história, de suingue, e de gente amável e acolhedora tem a oferecer.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *