EL CALAFATE: A TERRA DOS GLACIARES

Este é o primeiro de dois posts sobre dois lugares impressionantes da Argentina, que conheci nas minhas últimas férias: El Calafate, a terra dos glaciares, e El Chaltén, capital argentina do trekking. Nas minhas andanças pela Patagônia Argentina (leia este post), faltava ainda conhecer esses dois lugares cujas paisagens são tão perfeitas e deslumbrantes, que são verdadeiras obras de arte da natureza. Glaciares, bosques, lagos… tudo compõe cenários extraordinários, que enchem nossos olhos e nos emocionam diante de tamanha grandiosidade.

Embora muita gente prefira combinar El Calafate com Ushuaia e apenas fazer um bate-volta a El Chaltén, preferi fazer meu roteiro diferente. Exclui Ushuaia e decidi ficar mais tempo em El Chaltén, que é famosa pela beleza de suas trilhas. Então não pretendia fazer apenas um bate-volta, queria fazer todas as trilhas que aguentasse fazer. 

Dessa forma, para mim o ideal são 4 pernoites para El Calafate e 4 pernoites para El Chaltén, totalizando 9 dias. A porta de entrada é o aeroporto de El Calafate, que fica a 22km da cidade.  As companhias aéreas que operam voos para lá são Aerolíneas Argentinas, Gol e Latam, e não há voos diretos, as conexões são feitas em Buenos Aires. 

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COMO IR DO AEROPORTO ATÉ A CIDADE E VICE-VERSA?

O aeroporto de El Calafate é bem pequeno, então todos os stands de transporte estão próximos um dos outros e os veículos partem do desembarque. Não existem linhas de ônibus regulares que façam esse trajeto. Se o seu hotel não oferece serviço de transfer, as opções são:

  • Carro alugado: dentro do aeroporto existem stands das empresas de aluguel de carro. Mas se você prefere sair do Brasil já com carro alugado e já sabendo o valor que você vai pagar, faça uma cotação aqui com a Rentcars, que é parceira do blog. O pagamento é feito em Real e sem IOF, e pode ser dividido em até 12 parcelas no cartão de crédito ou ter um desconto de 5% no boleto.

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  • Agências de Turismo: várias agências de turismo que fazem os passeios em el Calafate também oferecem o serviço de transfer desde/para o aeroporto;
  • Táxi e Remis: O serviço de táxi e remis no aeroporto é prestado pela empresa Condor. Pode ser contratado no balcão do setor de desembarque ou fazer a reserva pelo site da empresa: https://agenciaderemiscondor.com/
  • Transfer: já a empresa que presta serviço de transfer é a Ves Airport Shuttle. São vans que saem do aeroporto quando completam a sua capacidade e, ao longo do caminho, cada passageiro vai sendo deixado no seu hotel. O preço do transfer foi de AR$ 500 (+/- R$ 38,00 – valores de outubro/2019)

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Essa foi a nossa escolha. O trajeto durou cerca de 40 minutos, porque nossa hospedagem era uma das primeiras do caminho.

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DINHEIRO E CÂMBIO

O ideal é já chegar com pesos trocados, caso passe antes por Buenos Aires. Do contrário, o câmbio pode ser feito nos bancos en El Calafate. O horário bancário na Argentina é das 8h às 13h. Nós chegamos no fim de semana, portanto os bancos estavam fechados. Encontramos uma única casa de câmbio, a Cambios del Sur, que fica na avenida principal, a Av. del Libertador, 963. A cotação que nos fizeram foi de AR$13 para cada R$1. (out/19)

Os passeios podem ser pagos em dinheiro ou no cartão de crédito, no entanto, a maioria das agências cobra um acréscimo que pode chegar a até 10% nos pagamentos em cartão.

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HOSPEDAGEM

Optamos por nos hospedar pelo Airbnb. Alugamos um quarto no El Puente Aparts, que nos atendeu perfeitamente. Bem localizado, o quarto contava com uma pequena cozinha e, para quem precisa, é possível estacionar dentro da propriedade. 

Se você ainda não é cadastrado no Airbnb, pode se cadastrar por aqui e ganhar R$130 de desconto em sua primeira hospedagem em qualquer lugar do mundo.

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Porém, se você prefere se hospedar em um hotel, El Calafate oferece uma infinidades de opções, e você pode procurar as melhores ofertas aqui pelo blog!

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Booking.com

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A CIDADE

Fundada oficialmente em 1927, com a finalidade de consolidar o povoamento na distante região patagônica, o turismo em El Calafate só se intensificou significativamente nos últimos 20 anos. A cidade, que antes vivia da criação de ovelhas, passou a receber visitantes estrangeiros, em sua grande maioria europeus, que iam em busca de turismo de aventura, especialmente trekking e alpinismo. O governo argentino passou a investir pesado na região, construindo um aeroporto e abrindo rodovias. Mas não por acaso. Néstor Kirchner nasceu na província de Santa Cruz (onde se localiza El Calafate) e foi governador da província de 1991 até 2003, quando se tornou presidente da Argentina. El Calafate passou a ser a queridinha dos Kirchner, onde a família possui várias propriedades, e para onde Cristina Kirchner, presidente da Argentina após seu marido, costuma ir aos fins de semana. 

Quando cheguei, fiquei surpreendida com o tamanho de El Calafate. Embora não seja uma cidade grande, tampouco pode ser considerada um povoado. Tudo que você precisa (agências de turismo, bancos, lojas, mercados…) está no centro, que pode ser percorrido a pé. É uma cidade cara, os preços são voltados para o turismo internacional, por isso é fundamental que a sua hospedagem esteja localizada próxima ao centro, para não ter que gastar com deslocamentos em táxi. 

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PARQUE NACIONAL LOS GLACIARES

A cidade de El Calafate está localizada a mais ou menos 45 km da entrada da região sul do Parque Nacional Los Glaciares. 

O Parque faz parte do Campo de Gelo Sul da Patagônia, a 3ª maior massa de gelo do mundo, depois da Antártica e da Groenlândia. Para se ter uma idéia, o Glaciar Perito Moreno, que tem 250 km² de área (maior que Buenos Aires) e que parece gigantesco, é apenas um pequenino “braço” desse imenso campo de gelo. 

O Campo de Gelo Patagônico Sul possui 13.000 km² de extensão e o Perito Moreno tem, entre 4 e 8 km de frente, com mais ou menos 60 metros de altura, e aproximadamente 30 km de comprimento.

Mas o que é um glaciar? Diferentemente do que se pode pensar, os glaciares não são água congelada. Eles são geleiras que se formam a partir do campo de gelo, onde neva todos os 365 dias do ano. Essa neve vai se compactando em camadas ao longo de centenas ou milhares de anos e se transforma em gelo. Devido à diferença de altura do campo de gelo, que está a 1500m acima do nível do mar, o gelo compactado vai “descendo” até superfícies mais próximas ao nível do mar, formando os glaciares. Ou seja, os glaciares são uma massa de gelo que estão em lento mas constante movimento. Também vale ressaltar que glaciares não são icebergs pois, ao contrário dos icebergs, eles não flutuam, eles se formam na superfície.

Esse movimento produz um dos mais impressionantes fenômenos naturais: a ruptura de imensos blocos de gelo, que se desprendem do glaciar e caem sobre lago, causando um estrondo, semelhante a um trovão, e deixando os visitantes extasiados. Presenciei uma dessas rupturas, mas eu estava em um momento de tamanha contemplação, que só consegui pegar o finalzinho dela, como eu mostro no vídeo abaixo.

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Como o próprio nome diz, é no Parque Nacional Los Glaciares que estão localizadas as geleiras procuradas pelos turistas que visitam essa região da Patagônia. Excetuando as cavalgadas, passeios em 4×4 e visitas à estâncias,  todo o turismo em El Calafate gira em torno das geleiras do Parque Nacional Los Glaciares.

A entrada ao parque custa 800 pesos (+/- 60 reais – out/19) por um dia e, caso faça outro passeio no parque no dia seguinte, a entrada do segundo dia custará a metade do preço, ou seja 400 pesos. (entrada geral, para estrangeiros). Ela é cobrada à parte dos preços dos passeios contratados.

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O glaciar Perito Moreno

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PASSEIOS

Antes de qualquer coisa, só preciso dizer que não dá para descrever o fascinante que é contemplar de perto essas magníficas geleiras. Seja de barco ou percorrendo as passarelas, é inevitável sentir um misto de emoções ao estar diante de tamanha força e poder da natureza.

Todas as agências oferecem praticamente os mesmos passeios e, salvo uma ou outra agência,  também cobram os mesmos preços. A maioria aceita pagamento em cartão de crédito, porém, nesta forma de pagamento costumam cobrar um acréscimo de 10%. A única exceção foi a Hielo & Aventura, com quem contratamos o minitrekking , que cobrava o mesmo preço no cartão ou no dinheiro.

Os principais passeios são:

  • Observar o glaciar Perito Moreno das Passarelas;
  • Fazer o Minitrekking ou o trekking Big Ice no glaciar Perito Moreno;
  • Navegar pelo Lago Argentino para ver os glaciares Upsala e Spegazzini.

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Não é necessário reservar os passeios com antecedência, eles podem ser contratados no dia da chegada, com exceção dos trekkings pelo glaciar. Neste caso, fazer reserva uns três dias antes é o suficiente, se não for alta temporada. Exceto no mês de fevereiro, quando acontece a Fiesta Nacional del Lago, a maior festa da Patagônia, e a cidade fica lotada. Então, para quem viajar nesta época, é recomendável deixar os passeios reservados.

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Opcional:

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Como passeio opcional, sugiro fazer uma visita à Estância 25 de Mayo. É um passeio de meio período, realizado tanto na parte da manhã quanto no final da tarde. Inclui almoço ou jantar, de acordo com o período escolhido.

Foi uma grata surpresa esse passeio. No primeiro dia fomos percorrer as agências para contratar as excursões. Na agência Aventura Andina, a visita à Estancia 25 de Mayo estava com uma promoção de 2×1, custou 3460 pesos (+/- 266 reais, duas pessoas). Como tínhamos o final da tarde livre, fizemos a do período da tarde.

A van passou para nos buscar às 17hs. A estância fica muito próxima, no perímetro urbano de El Calafate. Fomos recepcionados por Pancho, nosso anfitrião durante todo o passeio, e acomodados nos bancos rústicos em volta da fogueira. Ali ele começou a nos contar sobre os costumes regionais, a história da região e como começou a ser povoada. Enquanto isso, nos foram servidos mate argentino (que se parece muito ao chimarrão), café carreteiro, bolinhos e tortas fritas. Explicou um pouco sobre os rebanhos de ovelhas e vimos como os cachorros ajudam na tarefa do pastoreio.

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Dali fomos até um local onde nos mostraram como as ovelhas são tosadas. Um funcionário faz a tosquia completa de uma ovelha com tesoura para que pudéssemos ver como era o processo. Enquanto isso, o guia nos ia explicando, entre outras coisas, que a tosquia é necessária, pois as ovelhas sofrem com o peso do excesso de lã, o que as impede de caminhar, dificultando sua alimentação. E que a tosquia feita à tesoura é a melhor para o animal, pois o mantém ainda com uma camada superficial de lã, o que não ocorre com a tosquia feita à máquina.

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Em seguida, fomos andando até um deck às margens de um riacho, onde tomamos vinho quente e comemos um antepasto com carne de cordeiro.

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Após comer e tirar algumas fotos, caminhamos de volta, passando pelo fundos da estância onde pudemos ver o pomar da fazenda com alimentos orgânicos produzidos ali, para serem servidos no jantar.

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Hora do jantar. Fomos conduzidos para as mesas em um bonito salão. De entrada, nos trouxeram pães e um molho de vegetais no azeite e depois empanadas. O buffet de saladas era liberado e, como prato principal. um assado argentino muito bem servido. De sobremesa, escolhemos sorvete com um tipo de bolinho. Estava tudo muito gostoso. As bebidas eram a parte.

O passeio foi incrível… As 22:30 já estávamos na van voltando para a hospedagem. Realmente valeu a pena. Foi uma tarde muito agradável.

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PASSARELAS DO GLACIAR PERITO MORENO

O passeio mais popular em El Calafate é observar o glaciar Perito Moreno desde as passarelas do Parque Nacional Los Glaciares. As passarelas têm mais ou menos 3 km de extensão e diferentes níveis, que oferecem uma visão do glaciar em diferentes perspectivas. Para pessoas com mobilidade reduzida, o local possui um elevador que até o 1º nível, o que tem a melhor vista. 

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Quando contratamos o minitrekking, estava incluído o passeio às passarelas. No entanto, o tempo que permanecemos nas passarelas foi muito curto, 1 hora apenas. Vale mais a pena dedicar um dia para esse passeio e poder apreciar com tranquilidade a vista do glaciar. 

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Ele pode ser contratado através das agências de turismo ou pode ser feito por conta própria.

A vantagem de fazer o passeio por uma agência, é a comodidade de ter um transporte que te busque no hotel e a companhia de um guia que te explique tudo sobre a região, o parque e as geleiras. Porém você fica restrito ao tempo que a agência estipula. O preço do passeio nas agências custa em torno de 1490 pesos (+/- 115 reais – out/19) e a entrada do parque é cobrada separada, paga-se no local e custa 800 pesos (+/- 60 reais – out/19). 

As agências também costumam combinar esse passeio com algum outro, geralmente com o Safari Náutico, que consiste em navegar por aproximadamente 45 minutos pelo Lago Rico e parar por alguns minutos em frente a parede sul do glaciar para observá-lo. Esse adicional tem um custo de 990 pesos argentinos (+/- 75 reais – out/19). 

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Já a vantagem de ir por conta própria é poder visitar o parque com liberdade de tempo. É possível chegar de remis (serviço semelhante ao táxi), carro alugado ou ônibus, que é a opção mais barata. Lembrando que a entrada do parque é paga no local ou pode ser adquirida pela página oficial.

Os ônibus que vão até o parque saem do pequeno terminal rodoviário diariamente a partir das 13h e o último ônibus de regresso deixa o parque às 18h30. A passagem ida e volta custa 1000 pesos (+/- 75 reais – out/19). É recomendável comprar a passagem no dia anterior da visita ao parque diretamente no terminal rodoviário.

Na avenida principal da cidade (Av. Libertador) existem pontos de táxis e remises. Contratar um deles com valor fechado por tempo e distância pode ser uma opção para quem quer ter autonomia mas não quer dirigir.

Chegar ao Parque Nacional Los Glaciares de carro não é difícil, é só pegar a ruta 11. A entrada fica a 45 km de El Calafate. Porém, em certo ponto o caminho se divide. Então deve-se virar à esquerda para continuar nela e seguir até a entrada do Parque Nacional. Da entrada do parque até as passarelas são mais 30 km a serem percorridos. Quem vai de carro alugado pode aproveitar para parar em alguns mirantes e tirar fotos das belas paisagens que rodeiam o caminho. No local há estacionamento e lanchonete.

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CAMINHADA SOBRE O GLACIAR (MINITREKKING ou TREKKING BIG ICE)

Se o deslumbramento que experimentamos ao observar o glaciar das passarelas é enorme, a sensação de caminhar sobre ele é algo indescritível!

São oferecidos dois tipos de trekkings: o Minitrekking e o Big Ice. Ambos passeios duram o dia inteiro pois, além da caminhada pela geleira, estão incluídos a navegação pela parede sul do glaciar e a visita às passarelas. Ou seja, teoricamente são as excursões mais completas, já que concentram três passeios. O único “porém”, na minha opinião, é o tempo que dura a visita às passarelas: 1 hora para percorrê-las, que eu considero muito pouco. 

A diferença entre os dois trekkings é o tempo da caminhada sobre o glaciar e, obviamente, o preço. No minitrekking o tempo é de 1h30min, o nível de esforço é moderado, e são permitidas pessoas entre 10 e 65 anos de idade. No big Ice, o tempo é de 3h30min, o nível de esforço é elevado, e só são permitidas pessoas entre 18 e 50 anos.

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Os passeios custavam, em outubro/2019:  minitrekking 6500 pesos (+/- 500 reais) e Big Ice 12000 pesos (+/- 900 reais). No entanto, as agências informaram que para novembro ia haver um reajuste, e em fevereiro/2020 outro aumento no preço (alta temporada).

A disponibilidade durante o ano também é diferente: o minitrekking está disponível de 01/08 a 31/05. Mas a disponibilidade do Big Ice é menor: de 15/09 a 30/04.

Nós fizemos o Minitrekking com a opção de traslado, ou seja, a empresa passou para nos buscar na hospedagem. Por ser opcional, quem estiver com carro alugado pode ir por conta própria até Puerto Bajo de Las Sombras. O caminho é o mesmo que se faz para chegar até as passarelas, o porto fica um pouco antes delas.

No porto toma-se o barco que navegará pelo Lago Rico até o bosque do outro lado do lago. É nesse momento que se dá o primeiro contato visual com o glaciar. São 20 minutos de navegação de frente para a sua parede sul e é impossível não ficar de queixo caído a medida que o barco vai se aproximando cada vez mais.

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Desembarcamos e fomos conduzidos por um guia até um refúgio com banheiros, mesas e lugar para deixar bolsas e mochilas com o lanche (que não está incluído, cada um deve trazer seu próprio lanche). Após deixar as mochilas, o guia vai nos conduzindo pela borda do lago até deter-se por uns minutos em frente a um cartaz, onde nos dá algumas explicações sobre o glaciar e o Campo de Gelo Patagônico Sul.  Durante esse trajeto somos acompanhados por uma curiosa integrante da equipe: Lara, uma gatinha negra que um dia apareceu aí e foi adotada pelos guias. 

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Terminada a explicação, seguimos caminhando em direção à base do glaciar que toca a terra firme. E então aquela montanha de gelo, bem ali diante dos nossos olhos, tão perto… uma imagem hipnotizante, que quase nos paralisa e nos obriga a ficar ali só admirando… Mas somos despertados desse “transe” pelo guia, que faz a gente apressar o passo para chegar até o local onde somos munidos de capacete e são colocados grampões nos nossos calçados que nos permitem caminhar sobre o gelo. Também é obrigatório o uso de luvas, que temos que levar por nossa conta, para evitar cortes nas mãos em caso de ter que apoiá-las no gelo. 

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Devidamente munidos das proteções adequadas e após uma breve explicação de como caminhar sobre o gelo, começamos finalmente o trekking pelo Perito Moreno. 

Caminhando em fileira, subimos, descemos, observamos fendas no gelo e nos surpreendemos com pequenos lagos formados entre as geleiras, cujas águas tinham tons de azul inacreditáveis!  

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E o trekking termina com o guia oferecendo um brinde ao grupo, feito com whisky e gelo do glaciar! 

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Após retirar o equipamento, seguimos para o refúgio onde havíamos deixado o nossos pertences, para finalmente lanchar, com a paisagem estonteante do glaciar Perito Moreno diante de nós. 

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NAVEGAÇÃO PELO LAGO ARGENTINO (GLACIARES UPSALA E SPEGAZZINI)

E com a navegação pelo Lago Argentino se completa a tríade das principais atividades em El Calafate. 

O micro-ônibus passa de manhã cedo nas hospedagens para buscar quem contratou o transfer junto com o passeio. O transfer tem o custo adicional de 1000 pesos (+/- 75 reais). Quem está de carro alugado pode ir por conta própria até Puerto Bandera, de onde saem as embarcações, que fica no final da ruta 8, a 46 quilômetros de El Calafate. Saindo do centro da cidade, deve-se seguir direto pela Ruta 11 até a bifurcação, e então virar à direita. Aí já será a Ruta 8. Mais adiante estará o estacionamento do Puerto Bandera. O passeio, já com o transfer, custou 5400 pesos (+/- 380 reais out/2019) e não está incluído refeições. É preciso levar seu próprio lanche. 

DICA 1: Ao chegar a Puerto Bandera, haverá duas filas: uma para pagar a taxa de entrada ao Parque e outra para embarcar. Quem estiver acompanhado de pelo menos mais uma pessoa, sugiro que fique uma em cada fila, pois as filas são grandes. 

DICA 2: Tente ser um dos primeiros a entrar no catamarã e conseguir um lugar nas janelas. Dessa forma é possível garantir a vista das paisagens sem congelar do lado de fora e sair só para tirar foto mesmo.

Essa excursão se chama “Ríos de Hielo”, pois ao navegar pelo braço norte do Lago Argentino, o barco cruza pelo caminho com espetaculares blocos de gelo de diferentes formas e tamanhos! Nessa hora, todos correm para as áreas externas e começa a disputa por um espacinho próximo às bordas do catamarã, para tirar uma foto com algum iceberg ao fundo.  

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Aliás, o Lago Argentino por si só pode ser considerado uma atração. A superfície dele é de 1560 km2, sendo o maior lago do país e o terceiro maior da América do Sul. Mas o que chama mais a atenção nele é, sem dúvidas, a curiosa cor da sua água. Diferente de outros lagos que eu já tinha visto na Patagônia, formados pelo degelo das montanhas, cujas águas eram de tons azul turquesa e cristalinas, as águas do Lago Argentino possui um tom de azul turquesa leitoso. A explicação dada para esse aspecto leitoso tão peculiar, é a de que isso se deve à microscópicas partículas de minerais que se desprendem do leito rochoso das geleiras e que ficam em suspensão na água.

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Lago Argentino, o maior lago do país.

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No entanto, o principal propósito desta excursão é observar outros dois gigantescos glaciares, que só é possível através de barco: O glaciar Upsala, um dos maiores da américa do sul e o glaciar Spegazzini, o mais alto do parque, com seu paredão de até 130 m. Durante a navegação, um guia vai dando as devidas explicações pelo alto falante. O barco também passa em frente a um terceiro glaciar, o Glaciar Seco, que recebe este nome porque ele já não toca mais as águas do lago, em razão de estar em estágio de retrocesso.

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Glaciar Seco

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O que eu não gostei nesse passeio foi que o barco passou muito distante do glaciar Upsala. Apenas o vimos bem de longe. Não sei se costuma ser assim sempre, e explicação que deram foi que, devido ao seu retrocesso e constante desprendimento de gelo não seria seguro se aproximar muito. Ainda assim, acho que essa informação deveria ser dada ao se contratar o tour, dessa forma se evitam frustrações, como a minha… rsrsrs.

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O Glaciar Upsala lááá longe…

Se ver o glaciar Upasala de muito longe foi frustrante, o mesmo não aconteceu quando navegamos em frente ao glaciar Spegazzini. O catamarã se aproximou bastante dele e pudemos admirar todo o seu esplendor. O Spegazzini não é o glaciar mais largo, mas é o que tem o paredão mais alto. Enquanto o Perito Moreno possui uma média de 60 metros de altura e o Upsala 40 metros, as paredes do Spegazzini tem uma média de imponentes 80 metros! É mesmo impressionante! O barco fica parado em frente ao glaciar por alguns minutos e mais uma vez todos vão para fora e se acotovelam para tirar uma foto em frente ao paredão de gelo. Para quem preferir, dentro da embarcação existem fotógrafos que oferecem seus serviços, dando a garantia de fotos perfeitas diante das geleiras.

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É hora de voltar a Puerto Bandera, com a sensação de gostosa de ter conhecido uma das maiores maravilhas naturais do planeta. 

20 thoughts on “EL CALAFATE: A TERRA DOS GLACIARES”

  1. Sou louca para visitar El Calafate, com essas paisagens lindas e tão diferentes das que vemos aqui no Brasil. Minha maior vontade fica em fazer o trekking Big Ice, mas talvez optaria pelo mini. Muito bom o post.

    1. Minha vontade também era fazer o Big Ice, porém a grana estava meio curta… Mas o mini trekking não deixou nada a desejar! Foi bem legal!

  2. Que delícia! Meu marido é louco pra fazer essa viagem.
    Você tem idéia do quanto gastou no total? aereo + hospedagem + passeio + comida?

    1. Olá, Caroline! Obrigada pela visita!
      O aéreo paguei R$700, barato porque saí de Córdoba, na Argentina mesmo. Mas há promoções onde a passagem custa em torno de 1400 reais… Em hospedagem foram em torno de 1250 reais (9 dias p/ duas pessoas). Os valores dos passeios estão no post. Nossas refeições foram feitas em casa, pois alugamos pelo Airbnb, compramos no supermercado, e foi o equivalente ao que se consome em 9 dias. Espero ter ajudado. 😉

  3. Esse é um destino que quero muito conhecer! Adorei seu post e com certeza vou me programar para ficar mais dias em El Chaltén, como vc sugeriu, pois adoro trilhas.

  4. Recentemente fui para a Patagônia Chilena e fiquei encantada! Esse ano, planejo a Patagônia Argentina e estou fascinada com o seu post! Já quero comprar a passagem amanhã!

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